Pé-de-Cachimbo

iê-iê-iês from the crypt

sexta-feira, dezembro 12, 2003

 
ALDHIL'S ARBORETUM

DESENTERRANDO TESOUROS

quem é que não gosta de brincar de "olheiro" ? quem é que não gostaria de ter o poder de contratar/alavancar as bandas preferidas, que têm pouco ou nenhum espaço na grande mídia ? e mais: quem é que não gosta de descobrir bandas (que ainda não foram reconhecidas pela grande mídia) antes de todo mundo ? isso é coisa de nerd ? não sei... mas acho natural gostar de brincar de desenterrar tesouros escondidos (no fundo, no fundo, acho que todos temos uma "porção goonie"). tem um que desenterrei a mais ou menos um ano que é dos mais reluzentes (senão "o" mais reluzente). senhoras e senhores, tenho o grande prazer em lhes apresentar....... (rufo de tambores)..... OF MONTREAL !!!!!!!! (fundo musical de bandinha de circo)...

eles são minha a minha "banda de internet" - aquele tipo de banda que você não só conheceu através da rede, como também nunca leu uma linha ou escutou um acorde que não fossem em .html e .mp3, respectivamente.

bem, resolvi compartilhá-lhos com vocês. assim a brincadeira não fica tão autista - afinal, quem também não gosta de mostrar seu brinquedo novo pros coleguinhas, hein ? he, he, he...

o principal culpado pela colcha de retalhos sonoros em questão (que remete à gente como syd barret, kinks, beatles, zombies) chama-se kevin barnes, que, por volta de 1997 assinou com a bar/none records sob a alcunha de of montreal (nome vindo de um relacionamento desfeito com uma garota de montreal), contando naquela época apenas com a contribuição de bryan helium no baixo e derek almstead na bateria.

gostaria de falar de todos os discos desse pessoal, mas escolherei apenas um para a tarefa. aldhil's arboretum é o trabalho mais recente (2002) dessa banda da elephant 6, coletivo de gente igualmente não tão "ilustre" como apples in stereo, olivia tremor control, elf power, etc.

PSICODELISMO COMO TRANSFIGURAÇÃO

dessa vez dei-me o trabalho de pegar as letras do disco e traduzí-las. é engraçado porque, mesmo sem nunca ter feito isso, eu já tinha intuído quais eram seus conteúdos. até pelos títulos das músicas já dá pra sacar, quase exatamente, do que tratam e como tratam.

não consigo perceber ironia, sarcasmo ou qualquer sentimento derivado no of montreal. eles não fazem música com tintas infantis para contrastar com uma visão mórbido-pessimista do mundo, como tantos outros. diria que eles simplesmente são "peter pans" ambulantes.

por serem já homens barbados sua música soa escapista. isso suscita uma reação instantânea de abominação naqueles que acham que a música tem por obrigação tentar mudar uma realidade sócio-econômica (principalmente aqui neste continente, neste país, neste estado, nesta cidade...) para não se ser covarde, não se ser escapista.

não tenho uma justificação na ponta da língua pra necessidade de haver essa música "escapista" (na verdade, acho esse termo deveras insuficiente pra denominar seu significante). apenas percebo claramente quando escuto-a, que existem várias. quem não as consegue perceber é porque nunca conseguiu se entregar à coisa. por não querer ou por não poder - pois há um conceito/pedra no caminho. bem, muitas vezes quem aponta o dedo, dizendo "isso é ópio" (no sentido perjorativo), muitas vezes transpira o próprio. mas deixa quieto.

TOO BUSY DREAMING

temos aqui canções adeptas do formato "canção estorinha" - acho até que neste disco especificamente tem menos isso do que em outros trabalhos deles. os temas orbitam em torno de morte (Old People in the Cemetery), vida campestre (Isn't it Nice), impossibilidade de relações (Jennifer Louise / The Blank Husband Epidemic / Pancakes for One / Kid Without Claws), o tal do escapismo (An Ode to the Nocturnal Muse - que assemelha-se a "i'm only sleeping" dos beatles / Kissing in the Grass / Death Dance of Omipapas and Sons for You), relações "possíveis" com os animais(!) (Natalie and Effie in the Park / A Question for Emily Foreman)... diria até que chega a ser o "disco cinzento do of montreal", o mais "down" que eles conseguiram até agora ser, esses rapazes que fazem uma música "alegre por vocação" mesmo quando usam tintas melancólicas.

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