Pé-de-Cachimbo

iê-iê-iês from the crypt

domingo, novembro 30, 2003

 
II

mil desculpas a todos aqueles que saíram de suas respectivas casas ontem pra nos ver/ouvir e saíram com os ouvidos abanando.

realmente gostaríamos de ter uma estrutura mínima que não nos deixasse em situações tão embaraçosas quanto esta.

sexta-feira, novembro 28, 2003

 
uma simples palavra resume a noite de ontem: F-I-A-S-C-O

 
BITTER-SWEET

atravessar a agamenom magalhães sob o sol do meio-dia.
comprar um sorvete.
- às vezes tudo no mundo parece doce enquanto você toma um sorvete.
é. talvez o açúcar seja uma droga como qualquer outra que se usa pra esquecer o amargo/incômodo que a vida nos traz.
será que eu devo dar sorvete a luna depois de levá-la pra tomar alguma injeção (como meus pais costumavam fazer comigo) ?
provavelmente sim. afinal, isso se chama processo de culturação.

quarta-feira, novembro 26, 2003

 
A SAGA DO PASÁRGADA CONTRA O ATAQUE DOS CLONES MARCIANOS

episódio no mínimo curioso ocorreu de ontem pra hoje. ontem a noite eu liguei para márcio do pimenta verde pra agendar uma apresentação do pasárgada por lá. conversa vai, conversa vem, ele soltou "pô cara, cês vão tocar no recifobia né ? vi o nome de vocês na programação que saiu no site do recife rock". e eu: "é mesmo cara ? sério ? tava sabendo não" (detalhe: o cara deve ter achado que somos seqüeleados ou relapsos ao extremo). bem, minha primeira suposição foi achar que alguém tinha nos agendado sem consulta. tentamos ligar pra organização do recifobia sem lograrmos êxito. ainda cheguei a pensar que o tal do márcio tinha lido nosso nome errado e tal - dúvida essa que me atormentou até hoje de manhã, quando finalmente consegui conectar-me (maldito modem) e checar com meus próprios olhos. só que medinho levantou outra suposição (que passou a assumir o lugar da primeira): de haver outra banda com o mesmo nome (vale ressaltar que várias pessoas já nos disseram que tinham visto algum anúncio de show do pasárgada em lugares improváveis). a paranóia dos clones generalizou-se de tal forma que eu e paulo não pensávamos em outra coisa se não em registrar o nome oficialmente... até que, agora a pouco Medinho conseguiu falar com a organização do recifobia que tranquilamente nos informou que éramos nós mesmos que estávamos agendados. eles simplesmente colocaram nosso nome "em aberto" esperando que nós ligássemos (já que eles tinham perdido nosso contato) pra confirmar. bem, ligarei agora à noite, afinal, depois de tantos anos sem tocar ao vivo, não nos damos o luxo de recusar convites (e, querendo ou não, o pessoal que organiza é gente boa). resta saber se o som não irá queimar nosso filme. mas, pelo menos, disseram eles, que nos colocaram junto a outros artistas menos pesadões que os do ano passado. vamo vê no que é que dá. aí vai a programação oficial:

RECIFOBIA II

19h - Local: Rua da Guia (Recife Antigo) Preço: grátis

Dia 27/11 (quinta)

Jalu Maranhão
Pasárgada
J. Melo
A Falha
Marcelo Pantera e os bruxos da noite

Dia 28/11 (sexta)

Porra
Emergência
Pressão Sanguínea
Noral
Polidriver
Neo-cid
Hallage
Idem
The Crabs

Dia 29/11 (sábado)

Suellen
Selacanto
Toxyna
Campo Minado
Joãozinho
Paisagem do Caos
Ugly Boys

P.S.1: sei que as aparências enganam, mas, caralho, "Marcelo Pantera e os bruxos da noite" definitivamente é um nome pra lá de infeliz...

P.S.2: apesar do tom um pouco negativo de minhas observações com relação ao evento, acho que o sentido delas é construtivo, pois reconheço-o como sendo extremamente pertinente, torcendo muito pra que ele ganhe uma estrutura e profissionalização maior. go ahead antunes.

 
O PIRATA
(marco polo)

não se iluda
minha calma
não tem nada a ver
sou bandido
sou sem alma
minto

minha casa é o reino do mal
o meu pai é um animal
minha mãe há muito que enlouqueceu
só resta eu,
com a minha faca e a minha nau
só resta eu,
com a minha faca e a minha nau

sou pirata
solitário
sem mais nada
sem bandeira
sem espada
e o mar pra viver

sangue, vinho, terra, ratos no convés
som de gaitas, violões e pés
quando de repente surgem dez canhões
era o barba negra com a sua turma e suas canções
era o barba negra com a sua turma e suas canções

não me ame
eu não quero
ver você assim
vá-se embora
eu não choro
sei cuidar de mim

eu não tenho todas essas ilusões
e apesar de ter tantos corações
minha guerra nunca nunca vai ter fim
sim, sim, eu sei
faço meu sorriso e faço a minha lei
sim, sim, eu sei
faço meu sorriso e faço a minha lei

sou pirata
solitário
sem mais nada
sem bandeira
sem espada
e o mar pra viver

sangue, vinho, terra, ratos no convés
som de gaitas, violões e pés
quando de repente surgem dez canhões
era o barba negra com a sua turma e suas canções
era o barba negra com a sua turma e suas canções
era o barba negra com a sua turma e suas canções

aguardem. em breve texto sobre o ave sangria.

 
ÁGUAS VIVAS AMBULANTES

quando se está na água, às vezes não se sabe ao certo quanto à sua própria solidez. a água se confunde com o nosso corpo. vai ver que é porque nosso corpo tem um percentual de cerca de 70% (se não me engano) de água em sua composição. digaí ! o que é que nos faz sólidos então ? pele ? ossos ? mas, mesmo em órgãos sem aparência aquosa provavelmente o percentual de líquido também não seja ínfimo. sem falar no campo subatômico, onde somos verdadeiros "buracos" de matéria, já que os prótons/neutrons/elétrons que formam o átomo, têm mais ou menos a proporção de maçãs dentro do maracanã. o que me leva a crer que, o que realmente dá sustentação aos nossos corpos é algo que transcende a "materialidade" tal como estamos acostumados a conceber. algo mais relacionado a campos energéticos sutis. afinal, somos quase águas vivas ambulantes dependuradas no espaço.

 
DIVERSÃO COM "BRILUX NA CONSCIÊNCIA"

tem show do pasárgada confirmado pro próximo sábado (29.11.03). tocaremos novamente no capibar com o pessoal do terceira edição e do superoutro (havendo possibilidade de mais uma banda). portanto, vocês não têm a desculpa de que eu avisei em cima da hora, como ocorreu na sexta-feira passada. vão lá, desembolsem quatro pilas que, mais do que pagarem meramente o som, vão pra uma causa nobre que é a divulgação/execução do projeto de dona socorro e seu andré, o recapibaribe - ong que tem um trabalho bem legal de informar, promover eventos sociais em geral que chamem atenção à questão ambiental, mais especificamente à situação do (um dia já majestoso) rio capibaribe - além, claro de dar força a bandas com trabalho autoral que estão começando a despontar. pfff... até parece que a galera vai por causa disso. mas, em todo caso, pelo menos vocês podem aliviar as tensões da semana de trabalho tomando uma ceva gelada, conversando potoca, azarando... tudo isso de consciência mais ou menos limpa quanto aos seus respectivos papéis de cidadãos. argh... acho que piorou... em todo caso, vão lá. mexam essa bunda.

terça-feira, novembro 25, 2003

 
PRIMEIRAS (RE)IMPRESSÕES DO YO LA TENGO - And Then Nothing Turned Itself Inside-Out

Certamente somos marcados pela primeira audição de algum artista, seja positiva, negativa, ou indiferentemente. Pra mim o Yo La Tengo meio que se encaixava nesta última categoria, pois, pelo pouco que eu havia ouvido deles, nunca haviam despertado-me qualquer interesse maior. Até que, não sei exatamente por que motivo, começei a baixar algumas músicas no Soulseek, escolhendo aleatoriamente um disco dentre vários outros.

[Também vale ressaltar que geralmente o primeiro disco que ouço de determinado artista costuma marcar-me com "tintas especiais"... querem um exemplo ? "The Boy with the Arab Strap" do Belle and Sebastian - que foi considerado quase unanimamente pela crítica como o trabalho mais fraco deles, e, entranto é um de meus favoritos. Pode ser que eu esteja errado por um lado - por eu não considerar a obra objetivamente... mas numa relação passional, que é meu caso com a música, deve haver sim espaço pra esse tipo de "falha"]

Retomando. O álbum escolhido foi "And Then Nothing Turned Itself Inside-Out..." lançado em 2000. Grata surpresa. No momento estou baixando outros deles, mas, ao que parece, este já encabeça minha lista de favoritos. Não sei se pelo motivo enumerado - por ter sido o primeiro. Mas pouco importa, o álbum é realmente muito bom. Surpreendi-me com a sofisticação desse pessoal que, aparentemente parecia ser como muitas bandinhas ditas "alternativas", que emprestam à legenda um sinônimo de música mal tocada, desleixada (no mal sentido). O som do Yo La Tengo é bem simples, é verdade, mas nem por isso é menos denso. Em climas específicos pra cada música há momentos constantes de introversão e alguns raros (que no passado da banda eram mais constantes) de extravasamento guitarrístico, ruidosos. E se esse talento já vem à tona na parte instrumental, os vocais e as letras (que na maioria das vezes falam de relações amorosas sem qualquer resquício de pieguismo) só o evidenciam.

Já que o mote deste post acabou sendo o "primeiro" alguma coisa - primeira audição de uma banda, primeira audição de um álbum... transcrevo aqui fidedignamente minhas primeiras impressões das faixas desse disco (portanto relevem as repetições, expressões chulas, chavões... afinal, este é um texto "impressionista.

1. everyday - loop de bateria. microfonias. vocal totalmente psicodélico, etéreo. sustainers - de guitarra ou sintetizadores ? ecos. uma abertura nada óbvia. o típico "espanta freguês". guitarrinha com reverb no talo. é como se fizessem música eletrônica com instrumentos não sintetizados. percussãozinha... muito psicodélico.

2. our way to fall - ênfase no teclado. parece um pouco com as levadas do Morphine. Vocal loureediano. Algo meio jazzístico. a música é muito fluida... a sustentação das notas se dá mais no teclado... no my bloody valentine eram as guitarras que faziam esse papel.

3. saturday - é um caso notório de batida que dá todo charme à música - muito boa, ppor sinal. algo meio smiths com uma batida bem kraut rock, uns pianos totalmente arritmados... acho que não há guitarra nesta música. notas dissonantes. teclado insiste no mesmo acorde, enquanto o baixo faz a variação.

4. Let's save tony orlando's house - quem é tony orlando ? batida bem dance/hip hop anos 80... vocal feminino... órgão com tremolo... os acordes são meio dissonantes... a bateria é bem percussiva... e os efeitos eletrônicos são bem legais, bem econômicos. As linhas são bem sacadas. A melodia é bonita... se bem que não sei se passaria sem toda a instrumentação. O final é surpreendente.

5. last days of disco - até agora a mais fraca. (comentário pós-primeira-escuta: na verdade o instrumental desta música realmente não é tão bom quanto os das demais, entretanto casa perfeitamente com o tom "shoegazzer" da letra).

6. the crying of lot g - sacações muito boas dos arranjos ... e é engraçado porque eles passam, ao ouvinte mais desatento, impressão de pobreza... que era a impressão que eu tinha do Yo La Tengo. Mas confesso que me enganei... A simplicidade dos caras comporta toda uma complexidade. É um som muito chique, sofisticado (não no sentido "clodovil" dos termos)... o xilofone casa perfeitamente... e esse efeitozinho em stacatto através de eco é sublime. caralho... mas o cara deve ser muito, mas muito fã do Lou Reed !

7. you can have it all - vocal muito louco dando o ritmo da música, altamente percussivo... a voz principal da mulher cantando por cima... com o órgão... é simplesmente divino. muito bom. excelente ! tem um lado disco, dance... mas, ao mesmo tempo dá pra ver que trata-se de uma banda devotada ao "indie rock"... seção de cordas... muito psicodélica. O som chega a ser tocante de tão simples... a sobreposição de coisas, de sons numa sequência extremamente simples. parece uma mistura de flaming lips com my bloody valentine.

8. tears are in your eyes - Essa tem uma bela melodia. é uma balada. o refrão é meio country - aquele lance da segunda voz num outro tom... o clima tem um pouco de Bob Dylan. é bem suave e linear. uma espécie de "Sunday Morning" do disco.

9. Cherry Chapstick - é o momento sonic youth. Não há como não lembrar do quarteto novaiorkino, que, bem ou mal, possui uma forma única de fazer música, que serviu como marco, deixando vários seguidores - como demonstra ser o caso do Yo La Tengo... enfim, aloprações "noisy" de guitarras distorcidas/dissonantes, sem perder o tom despretensioso/suave/ressacado/pra-falar-a-verdade-dopado-mesmo dos vocais.

10. from black to blue - conseguir ser criativo mesmo fazendo uma música de duas notas. o ylt é assim. junte-se morphine, sonic youth, velvet underground, my bloody valentine e flaming lips: eis um monstro evocativo de várias cabeças.

11. madeline - tem algo meio stereolab também. algo até meio bossa - fuzzy bossa. guitarra com trêmolo. "órgão churrascaria" de fundo.

12. tired hippo - dispense... lembra o baixo de uma música de Carlinhos Brown ("A namorada"... eca !). é bem bossa-funk. guitarra totalmente surf... reverb e tremolo no talo.

13. night falls on hoboken - a epicidade da música é inegável. na principal sequência dela a linha de baixo tem apenas três notas, mesmo quando muda o tom do acorde. muito comovente a sua melodia. e que docilidade nos vocais. parece de um doce que não possui qualquer amargor. uma espécie de entorpecimento, que seria artificial, mas nem por isso menos significativo ... a bateria é algo bem de madeira... ela parece a carcaça de um barco... soa aos ouvidos como se alguém extraísse som dessa carcaça. o som do violão é metálico, quase de guitarra elétrica... solos de feedbacks... ou melhor... é como se houvessem samplers de feedbacks. e que distorção ! que som alienígena...

P.S.: Não só deixo-os à vontade para reimprimirem essas impressões, como peço licença para possivelmente mudá-las a cada nova audição.

segunda-feira, novembro 24, 2003

 
DE SUPETÃO

tocamos sexta agora (21.11.03) no capibar. no começo da semana marcaram a apresentação. na metade da semana cancelaram. faltando dois dias remarcaram novamente. pense num atropelo. não vou comentar, pois me dei conta que meus comentários com relação ao pasárgada costumam ficar dignos dos de um jogador de futebol. mas, a título de registro subjetivo, pra mim o show fluiu legal, não teve tantos altos e baixos, apesar da qualidade técnica do som ter sido inferior ao de nossa apresentação passada.

agradecimentos:
ao pessoal do terceira edição que nos cedeu pratos de bateria, fonte de pedal e críticas construtivas;
a breno, pela pedaleira e pela paciência em fazer "pontes";
tião, pela carona;
ao simpático pessoal do (re)capibar(ibe) e suas louváveis iniciativas;
a todos que nos prestigiaram.

P.S.: aguardem pra breve (final de novembro, dezembro) outras apresentações do pasárgada. lugares prováveis: capibar (daqui a pouco trocamos nosso nome pra "os pupilos de dona socorro"), pimenta verde, recifobia...

ainda a título de registro: shows nossos que iam rolar recentemente mas acabaram por farrapar: Evento-da-UNE-que-não-me-lembro-do-nome (UFPE), Rock na Praça...

sexta-feira, novembro 21, 2003

 
GLITTERS FROM THE WILD SIDE



três viados filhas da puta pervertidos insanos de uma figa. delinearam a "gliterização" nos olhos da cultura pós-hippie. os beatles foram muitíssimo importantes mas, depois de bowie/iggy/reed, o rock caiu no submundo, saiu das avenidas principais. escureceram-se os acordes. sentir aquele momento de mudança implicava em absorver todo o lixo industrial, tecnológico, humano (este talvez o único realmente importante), que o mundo paria. só que, esse lixo foi sendo regurgitado e transformado em luxo. capacidade de mudança conforme a situação pra não se enfiar os pés no cimento da estupidez e do dogmatismo. às vezes só se formos uma espécie de "vírus com alto poder de mutação" conseguimos fugir da estagnação mental, cultural.

esses três (hoje) senhores podem até ter envelhecido... fisicamente... já musicalmente eu não concordo... seus trabalhos, na verdade, servirão sempre como sementes - aquelas sobre a quais vários outros artistas podem debruçar-se dizendo "começou aqui", "somos os frutos".

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qual seria a coisa específica deste momento pra se fazer uma música "moderna" ? não falo do que está na moda e sim daquilo que mais adere à arte sendo parte daquele tecido de tempo em que se vive - o que faz parte do "mundo atual" e é típico, único deste momento. agora, por exemplo, qual seria nossa "denúncia" específica ? quem seriam os condenados ? qual seria nossa sentença ? responderíamos o processo em liberdade ? nosso processo está em liberdade ? estamos produzindo como deveríamos em nossa função de "antenas" ? será que não há interferências demais em nossos sinais ? nossos símbolos já não estão gastos, precisando ser reinventados ? na verdade o futuro já está há muito tempo expulso do mapa da vida do homem moderno. há apenas o eterno presente. portanto, quem se atreve a antecipar o futuro, mesmo que ele seja o "no future" ? esses caras se atreveram. quem se atreve a não ser uma "artista pra o seu tempo" ? esses caras se atreveram. e vocês, não se atrevem a nada ?

quinta-feira, novembro 20, 2003

 
jaiminho que chupava jesuíno que chupavam a dona andy nicotina. esse mundo do rock é realmente uma chupação só.

 
Ok, eu confesso... nunca havia conseguido me entregar totalmente às duas últimas músicas do The Velvet Underground and Nico. "The Black Angel's Death Song" e "European Son" são músicas do mal. É sério ! Só que hoje eu meio que tava no espírito sado-masô dos caras pra aguentar levar porradas e alfinetadas em forma de som e relaxar e gozar... putaquepariu já tava esquecido quão do caralho é esse disco !

quarta-feira, novembro 19, 2003

 
EU QUEM ?

escrevi isto agora a pouco:

escrevi isto há algum tempo atrás (mas também que diferença faz do agora ?):

- "é porque blá, blá blá ... aí a frigideira.... ". esperou que as vozes fossem desaparecendo aos poucos, evidenciado que eles já estavam na cozinha, longe o bastante do quarto onde ele se encontrava. estava bolando um texto que tentasse captar o momento presente de sua vida, ou melhor, de como ela chegara até ali. mas não havia nada a mostra, nada na superfície. tinha de cavucar bem, cavucar no fundo pra encontrar, ou melhor, reencontrar-se com algo incompleto, apenas esboçado... em pequenos atos, em leituras entrevistas, em pequenas certezas que não passavam de pequenas, mas que, através das palavras, vão ganhando volume, crescendo como o fermento em um bolo. resolveu escrever em terceira pessoa:

"deixem-me cantar neste canto de paredes. deixe-me aliviar a carga. arriar a bagagem em algum lugar - estou cansado da carga que é permancer no mesmo lugar. deixe-me viajar para lugares que nunca fui. pois não queria estar apenas aqui. minha mente não queria estar apenas aqui. meus sentimentos não queriam estar mofando, com teias de aranha... queria renascer a cada instante. mas tudo é apenas uma morte longa.
logo, essa coisa de "felicidade química" não se trata de alienar-se pura e simplesmente. trata-se de um único recurso quando se está no cárcere, prisão entre quatro paredes mesmo (quando ela é mental nem se fala) pra não se enlouquecer - nos resta subornar o guarda...

interrupções sucessivas. o negativo. ritmo quebrado. a vida é mesmo um contratempo, não te deixa ter nenhum fluxo em paz. é sempre um relógio te dizendo que vc tá atrasado aqui, um trabalho ali, uma conta pra pagar acolá."

recolho-me mais uma vez em minha redoma, copiando apenas esta última frase como uma citação/moldura de mim mesmo, como uma foto instantânea de meu momento.

"acho que vou colar essa frase bem na porta de meu quarto pra eu me lembrar do absurdo que é minha vida"

- dessa vez quem falou fui eu mesmo...

eu quem ? acho que já não importa.

terça-feira, novembro 18, 2003

 
esses xizinhos no lugar onde deveriam aparecer as fotos são um saco. agradeço quem me disser como as coloco diretamente no servidor do blogger.

segunda-feira, novembro 17, 2003

 
alguém aí sabe como é que se desfragmenta o disco da Unidade (Meta)física V:\ (vulgo vida) ?

 
apenas a pena

é como se apenas a pena pudesse te dar a redenção, mas algo te impedisse de recorrer a ela... no momento trata-se, principalmente, do reconhecimento de que existem várias pessoas muito mais capacitadas para tal que já fazem o "serviço"... mas, pra continuar escrevendo, arruma-se qualquer desculpa, dá-se uma de pós-alguma-coisa, de chinfrudo que fica, mesmo que inconscientemente, a decretar a morte de alguma coisa - da arte, de deus, do caralho a quatro - dizendo com os atos que: "a literatura como valor universalmente reconhecido não importa mais. hoje ela simplesmente adere às tendências do extremo individualismo egocêntrico, logo, todo valor existente tende a ser valor "para alguém"... mesmo que seja (e nunca houve um tempo em que ela é tanto) apenas para o próprio escritor". ora, me poupe senhor y...

sexta-feira, novembro 14, 2003

 
carregando...

poucos links interessantes na vida. na verdade, a maioria deles está quebrada. incapacidade de mobilidade. como uma conexão pra lá de fuleira. o load pega lodo, de tanto se esperar abrir uma página. afinal, nesse negócio de internet, não se vira a página... se abre, se carrega. mas carregar parece ser algo tão diferente de virar não é ? virar dá uma idéia de recomeço. carregar, pelo contrário... parece aqueles filmes do rambo, quando ele fica no modo "carregando", vestindo todos aqueles apetrechos ... enfim... acho algo como assumir pesos... se bem que tem outra idéia relacionada, que é a de você estar armado, carregado contra as intempéries da vida... mas, tratando-se de rambo, fica difícil. mas, enfim... forneçam-me links legais, por favor... pelo menos aqui, on-line.

quarta-feira, novembro 12, 2003

 
nas poucas horas de ócio que tenho atualmente não consigo fazer quase nada de criativo ... não sei mais o que fazer de meu "tempo livre" - aliás, que expressão infame, hein ? se tem uma coisa que passa a não existir depois de certa idade é "tempo livre"...

segunda-feira, novembro 03, 2003

 
DO MANUSCRITO PARA O DIGITAL

Resolvi fazer uma experiência antropológica. Dexei o computador de lado para escrever, com caneta em punho, um post sobre escrever - seja usando o teclado ou o lápis/caneta. Atento vocês para a baixa fidelidade disto... afinal de contas, quer coisa mais pessoal e significativa do que sua própria letra ? Bem, saiu mais ou menos isso:

O mote deste post é simplesmente ele ser executado "fora da tela", num bloco de notas não-virtual. Ops... que é isso ? A mesa onde escrevo agora é totalmente vacilante... Por quê ? Porque, na verdade, isso não pode ser considerada uma mesa com todas as letras. Seria mais uma espécie de "hack" (é assim mesmo que se escreve ?) pra comportar computador, impressora, caixas de som, cd's... escrivaninha ? há muito tempo não sei o que é uma. O pedaço de madeira onde escrevo é vacilante porque abriga um frágil teclado, com teclas que quase não necessitam de toque para imprimirem combinações de "zero e um" que são transformadas em letras, palavras, frases, e, por fim, textos inteiros. Quase não há suporte para o peso do punho, pra necessidade de apoiar-se numa tarefa - doar-se de todo corpo à escrita. Não, não estou dando uma de saudosista novamente, não estou querendo dizer que a "pena" é melhor do que as teclas, estou apenas descrevendo sensações que ambas me despertam. Talvez, racionalmente falando, o teclado seja incontestavelmente mais recomendado à escrita (caso se domine sua técnica de forma satisfatória), ainda mais tratando-se de um teclado de computador. Mas, acho que mesmo assim ainda há certas funções fundamentais para a escrita à mão. Uma delas é poder-se reconhecer uma pessoa através de sua caligrafia (os espaço em branco de formulários burocráticos geralmente são lugar imutável do cidadão afirmar sua "individualidade"). Claro que também há possibilidade desse reconhecimento acontecer apenas com o conteúdo, mas creio que seja muito mais difícil. Minha avó, por exemplo, é dotada de uma técnica de "ler" a caligrafia das pessoas, relacionando-as com suas respectivas personalidades. Várias pessoas costumam pedir-lhe pra ler suas caligrafias (lembro inclusive que certa vez ela relutou em dar o parecer de certa pessoa para seu caso de homossexualismo). Bem, seja importante ou não, o fato é que não há caligrafia num texto com "extensão ponto doc". Mas, em compensação, escrevendo de caneta/lápis não tenho "back space" nem "delete". Não posso selecionar e deletar, selecionar e recortar, copiar ou colar (aí entraria outros objetos em desuso, pelo menos pra esse fim: a tesoura e a cola).

...

Agora tirei meus óculos e apoio-me no chão pra escrever. Sinto o cansaço de meu corpo. Afobação em minha caligrafia. Peso dos anos...

é... talvez a escrita à mão realmente não me seja mais funcional.

[pedaço de texto suprimido por não servir ao assunto sobre o qual eu me dispus a escrever... caso eu estivesse no computador, provavelmente abriria outro "bloco de notas" para registar esse novo direcionamento textual, ficando este salvo para futuros reaproveitamentos]

...

De volta à "mesinha" do computador. Ainda sem óculos, mal enxergando o que escrevo, apenas fecho meu propósito de ser "repórter especial", enviado à "Terra do Primatas" que ainda usam a escrita de próprio punho, para conhecer um pouco das belezas e agruras dos tempos remotos...

à julgar pela caligrafia (que vocês não podem ver) diria que o "desenho" deste manuscrito ficou bastante irregular. Existiram várias oscilações emocionais... agora, por exemplo, nesse exato momento em que escrevo, tento a todo custo fazer uma "caligrafia sóbria". Só que isto é algo meio incontrolável no fluxo mental sob o qual padeço. Ele não abarca letras "bem traçadas"... talvez realmente fique muito "na cara" a situação psíquica na caligrafia de quem escreve, afinal, existem tantas matizes delas quanto existem para os nossos sentimentos.

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