Pé-de-Cachimbo

iê-iê-iês from the crypt

quarta-feira, março 31, 2004

 
SÉRIE "CHUPAÇÕES"


"Nós chupamos o MBV"










 
Impressões quanto a um certo "Joãozinho Arcoverde".

Space Jazz: esse termo saltou-me da mente ao escutar Body Songs, trabalho solo do cabeça-de-rádio Jonny Grenwood. Não sei se já o cunharam. Muito provavelmente sim. Greenwood, para os íntimos Joãozinho Arcoverde, dono de um comportamento ambíguo - se ele dá a bunda ou não isso não é problema meu, falo apenas de sua postura, a que vi no palco ou raramente fora dele, de suas presenças física e musical. Não sei se sua liberdade musical o conduziu a isto ou o contrário. Mas percebe-se que um depende um pouco do outro. Volto a insistir que falo de ambiguidade, não necessariamente a sexual.

Afinal, chamemos o software do "Painho Michaelis" que ocupa alguns clusters deste humilde lar virtual para dar seu parecer sobre o caso:
am.bí.guo
adj. 1. Que pode ter diferentes significados; equívoco. 2. Incerto, inseguro, duvidoso, indeciso. 3. Bot. Diz-se dos órgãos que não têm forma ou disposição bem definida.


Poisé, o Joãozinho tem dessas coisas. Seria fácil de simplesmente o rotular de baitola, moldando qualquer de suas ações, com preconceitos a respeito da homossexualidade - que, venhamos e convenhamos, nós, homens medianos, temos de montão. Mas é justamente esse mecanismo da ambiguidade que nos faz ter de dar o braço a torcer à genialidade desse cara. O cara consegue fazer rock parecer jazz, ou o jazz parecer rock, sei lá... ele, partícula subatômica de comportamento indefinido, delizando no palco às vezes parecendo um mero manipulador/operário de máquinas, em outras parecendo uma madame perua dando pitís sonoros.

Sei que existem inúmeros projetos que unem a música eletrônica ao jazz, que isso já não é mais novidade. Mas acho que esse disco tem uma benesse específica quanto a isto: ele traz para o jazz uma produção electro-rock. O título do disco é muito bonito e representativo. Isso equivale dizer que você que achou o disco "cabeça demais até mais do que os do próprio cabeça-de-rádio" erra ao fazer tal afirmação. Assim como o pessoal do Shallabi Efect, Jonny Grenwood faz música pra ser "recebida", pra ser sentida nas entranhas, pra ser vivenciada antes de qualquer coisa com o corpo.

sábado, março 27, 2004

 
de fechar os sentidos

por causa do barulho ensurdecedor da cidade, logo, também fecha-se pra quase todo estímulo externo, para as pessoas que podem ser marginais e pros comerciantes que podem ser picaretas e ... mas muito disso é balela. claro que existem coisas absurdas acontecendo, mas o mundo não é principalmente o que mostram os noticiários. caralho, fico imaginando meu avô que morreu cego. ele ficava deitado na cama ouvindo bandeira 2... ele morava em olinda e quando a gente ia visitá-lo ele pirava no lance da gente estar saindo de casa ... "mas como é que pode maria ? você não pode sair na rua com esses meninos. um malfeitor pode fazer arte com vocês ..." e pá. realmente meu velho, se pra nós que saímos na rua todo dia e enxergamos o mundo de fora com nossos próprios olhos (sentidos filosóficos desta frase, por favor... excluídos) já há uma alta carga de tensão de "compressão de personalidade", avalie o sujeito deitado em sua ládele cama sem enxergar culhões... punkrockhardcoretchátchátchá uhurrurru \m/... grrrrrráááá´´a´´huhuhuhuuhuhuh ... (esse foi o espírito mongos baixando por aqui).

sexta-feira, março 26, 2004

 
Tio Bibi baixou um programa no computador aqui de casa chamado GIF Construction (tem na net de grátis - é só procurar). Eis a obra de arte que ele deixou (hehehe):



quarta-feira, março 24, 2004

 
noizé
tom torto
torto tom zé com o tortoise
torto(n)oise com o zé
tom torto
noizé

terça-feira, março 23, 2004

 
Fiquei contente de ver o trabalho de Mineirinho na rede. O cara, assim como Cejoca (dono do fotolog), é gente da melhor qualidade. Há muito tempo eu insistia com ele em publicar seus trabalhos - de traços meticulosos e sugestivamente belos - na net, mas ele não era muito entusiasta da prática. Pelo jeito, Cejoca conseguiu dobrar o homem:

Paulo, O Duende
20/03/2004 14:37

Paulo é o primeiro ilustre "anônimo" a ser colocado na caixinha. Paulo é amigo meu ha alguns anos desde 98 eu acho. Artista ele desenha e pinta muito bem, aprendeu tudo ou quase tudo sozinho. Começou a investir no aprendizado artístico pintando com canetas coloridas super sofisticadas, BIC. É isso mesmo, ele pintou isso aqui com caneta Bic esse desenho é um papel A4 todo desenhado e pintado com canetas esferográficas. Na montagem tá uma foto dele que eu tirei, no escuro, em uma das milhares de festas que já curtimos.... Nela ele tá bom todo, completamente de cara jogando xadrez. Com certeza vai pintar mais trampos dele aqui. Paulo, brother, aquele abraço...


Extraído de Dentro da Caixinha

segunda-feira, março 22, 2004

 
os trabalhos gráficos dos invólucros que contêm as músicas - ou não necessariamente - do radiohead são tão expressivos, ajudam tanto na conceituação de sua música, que o artista plástico responsável por eles deveria ser creditado como o sexto integrante da banda... se bem que tem niegel godrich também, né? vá lá, sétimo.

tem uns lances legais nesse link, mas devem ter outros mais por aí. tô com preguiça de procurar. na verdade, eu nem pretendia estar escrevendo sobre isso. essa coisa de blog parece que te leva a ser didático mesmo quando só queres expressar sentimentos como o tédio, a melancolia. vai ver que ... deixa pra lá.




 
i know you've supported me for a long time
somehow i'm not impressed

...

i know i've supported you for a long time
and i'm so impressed

sábado, março 20, 2004

 
noites fracassadas no moulin rouge

ninguém pode dizer que não foi por falta de tentativas que eu não gostei do tal do moulin rouge. confesso que tinha um preconceito inicial forte com o filme, mas ao mesmo tempo, estava disposto a quebrá-lo. tanto é que me dispus a assistí-lo ontem e hoje à noite - duas tentativas fracassadas, diga-se de passagem. vá lá que, paralelo a essa boa vontade, existiam mais componentes na empreitada que também contribuíram de forma negativa para sua realização: o sono na primeira noite e a chapação na segunda. sinceramente não consegui engolir a mistura de broadway com... quer dizer, mistura um caralho... aquilo é broadway puro.

quinta-feira, março 18, 2004

 
SANGRIA DESATADA

eis o motivo de eu estar no momento com profundas olheiras. acordei cedinho tendo passado a noite tentando concluir esse texto sobre o ave sangria pro Foguete - e ainda acho que não ficou da forma que eu gostaria... mas, deixa pra lá, senão sabe lá quando ele ficará pronto.

p.s.: por favor, eu imploro... quem tiver alguma fotozinha mixuruca que seja da banda ou do disco, me envie. não encontrei nada pra ilustrar o texto. agradeço a compreensão.

terça-feira, março 16, 2004

 
pfffffff...


 
hoje o dia acordou chuvoso pracarái. meu guarda-chuva não adiantou patavinas - me molhei todo. brrr.

 
reflexão # 23408748657380963 (deixa de refletir e vai agir, desgramado !)

mudar minha forma de agir agora não se trata de capricho ou algo relacionado a vaidade, à estética... vivencio uma situação que me obriga a fazer o que evito até as últimas consequências: tomar atitudes. algumas atitudes são de simples execução mas de difícil realização. tudo por causa de meu temperamento implosivo/introvertido. tudo bem que há uma situação de dependência (tanto de minha pessoa para com os outros quanto vice-e-versa) que delimita minhas ações mas, ao mesmo tempo, sou convocado a assumir as rédeas delas. não cabe mais ficar me equilibrando entre as ações dos outros, sendo simplesmente jogado de um lado pra outro. a dor de cabeça é inevitável mas ela melhora consideravelmente com um foda-se (não necessariamente no sentido literal da ação). sinceramente eu não pretendo ficar levando na cabeça o tempo todo. tenho que deixar desse negócio de suportar fardos calado. sei que essa atitude até tem certo fundamento - budistas corrijam-me se eu estiver errado -, porque também "boca fechada não entra mosquito". acho que sempre preferi que as pessoas me rotulassem como esquisito, calado, mudo, autista a que ter que justificar-me e compactuar de suas mesquinharias. tudo bem, eu poderia experimentar ser eu mesmo, emitir minhas próprias opiniões mesmo chocando, sei que isso é um defeito, mas, se antes eu não fazia isso por timidez, hoje em dia acho que falta principalmente saco (e até por preguiça mesmo). confesso que me fechei em minha concha, só que agora o desconforto dentro dela me faz repensar se essa é a melhor solução no momento. acho que a junção dos elementos timidez/emburramento/auto-depreciação/deixa-pra-lá não me cabe mais. acho que tenho que ver mais faustão, sei lá. deixa dilso... mas um pouco de senso de interpretação tragicômica acho que me faria bem.

segunda-feira, março 15, 2004

 
ALFINETADA

teve entrevista com otto (acho que na sexta passada) no sem censura. rapaz, achei que fosse preconceito meu ou sei lá o quê, mas tive a confirmação de que quando vejo esse galego falando me dá uma vontade da porra de enfiar a cabeça num buraco. eu tenho vergonha por dois - por mim e por ele (já que, pra falar tanta besteira ele não deve ter nenhuma). "estalagmite, estalagnietzsche" ahhhhhh... e o cara acha isso a maior sacação da história da filosofia ocidental. desculpa aí negrini mas, só vivendo constantemente de porre...

 
"VALE A PENA"

hoje encuquei com essa expressão usada tão comumente e, por isso mesmo, tão oblíqua quanto ao seu pé (-da-letra)... tipo, é como se a expressão se tornasse uma só palavra (valeapena). só que eu tendia a achar que quando algo "vale a pena" é porque simplesmente valia entregar-se à ela, dar-lhe atenção, e não que até mesmo as penas advindas do ato da entrega valessem ser sofridas. a diferença não é só de perspectiva, mas de sentido mesmo e, porra, acho isso um lance muito de culpa cristã ("culpa nostra est"... desculpando meu latim canino) porque já é um raciocínio que endossa a idéia de que todo prazer, tudo a que vale entregar-se já contém o sofrimento, a pena em seu bojo. mas também, pra eu perceber a expressão de forma diferente do que realmente quer dizer (ou seja, da intenção inicial de comunicar uma idéia) entra a questão do velho jeitinho brasileiro, de tirar por menos a carrancuda realidade dos valores católicos/cristãos. o velho deixa pra lá. como não sou adepto de nenhum dos dois lados, vou tentar me policiar e passar a dizer "vale entregar-se" ou "vale a entrega". sem penas por favor.

domingo, março 14, 2004

 
GIRANDO "A RODA" DO ACASO

pelo cansaço físico e mental em que qual me encontrava após o aniversário de luna achei que fosse ficar bodeado na festa que fui ontem junto com tina, camila, pablo, diogo e cabeça. disseram-me que era uma festa em "esquema reservado" na casa de um holandês maluco aí (holandês maluco, que redundância...) com o pessoal d'A Roda - que estaria fugindo de seu repertório comum tocando uns merengues e derivados. vamulá. a entrada era sete reais. chiei. aí foi que me disseram que, paga essa quantia, meu véi, era birita e comida "all night long". e realmente foi. a casa era do caralho, o tipo de casa que eu gostaria de morar (aproveito pra deixar aqui meu manifesto contra os apartamentos - já começa do nome, tem coisa pior do que estar "apartado" ?). toda a galera "da cena" reunida (pablo fica puto com essa denominação, hehehe), deu-se início à apresentação da banda "cú sujo", conforme anunciou um dos membros da roda (não do cú). isso depois de uma sessão de discotecagem de... porra, como é que vou definir o tipo de música que tava rolando ? não sei exatamente do que se tratava ... tinha lá os ditos merengues, funks (desses distingui "soul makossa" de manu dibango com a ajuda de diogo) mas, tipo, rolavam uns bregas aí (por falta de uma definição melhor, chamarei-os assim) daqueles que não costumam tocar nem na recife ou caetés fm. de tão sinistros tornam-se algo interessante. inicialmente pode-se achar que é uma atitude “pseudo-cult” de um monte de filhinho de papai escutar um tipo de música que está divorciado das classes mais altas (seria como a galera burguesa que escuta pancadão)... mas não sei. na verdade o que realmente estava a guiar minha opinião foi justamente a quebra de opiniões. a quebra de fronteiras, de "apartamentos", de preconceitos... nada ali era curiosidade antropológica ou algo do tipo. não havia distanciamento. os aditivos para o corpo e para a mente confirmavam que havia beleza até mesmo no feio... voltando ao som que tava rolando: tocaram aquela música, não sei se vocês se lembram, da zebrinha que era candidata a presidência da república - massa. mas aí, começado o show, a grande surpresa da noite aconteceu. comentei com tina do senhor (com mais de cinquenta anos, creio eu) que tava tocando maracá... ele era do caralho, tinha uma energia que superava a de toda a galera da banda. não deu outra, depois que caiu uma chuvinha - e o show teve de ser interrompido -, eles voltaram com o cara assumindo o microfone. anunciara-no como um índio funilô, um verdadeiro achado e tal... daí, com o acompanhamento d'a roda, o que rolou foi uma verdadeira pajelança ao invés do tal merengue. "a roda do acaso" girando ... pode ser impressão minha mas me pareceu que nem todo mundo d'a roda tava aprovando o lance do cara ter roubado o show literalmente. teve até um que jogou uma baqueta ou sei lá o quê nos pés do índio como um alerta pra ele "desligar a tomada". bem, isso é apenas uma impressão e pode não passar disso, pois o pessoal d"a roda" tem fama (e não só fama) de acatar as ordens do acaso em seu som quase que totalmente feito de improvisações. acatá-lo, reprocessando as informações momentâneas. rapaz, fazia tempo que um porre lavava minha alma como esse lavou.

 
alta periculosidade

ao abrir o messenger agora constatei que eles (do MSN) criaram automaticamente um novo "grupo". sabe como se chama ? "indivíduos". como assim ? "amigos", "família"... beleza, até aí tudo bem, mas "indivíduos" ? será que alguém categoriza um grupo de pessoas com essa denominação? parece coisa de pm. vôti.

sábado, março 13, 2004

 
"eu só queria que você me coisasse / e que depois você me lalaialaiá..." (verso cantado em ritmo samba-rock-canastrão). essa música do parafusa virou o hit da semana daqui de casa. dando uma opinião sincera sobre a banda: acho que eles são músicos muito bem entrosados, desempenhando suas funções separadamente de uma forma muito nítida. mas se eles às vezes acertam em cheio - como no caso da música especificada - também dão algumas bolas fora. e isso se dá justamente naquele lirismo bobinho que os los hermanos tanto endossou nos primeiros discos (o pural de "primeiro" é porque até no "Bloco do Eu Sozinho" eu percebo isso) - eu sei, eu sei que comparações com los hermanos no rock atual são o clichê do clichê, mas nesse caso não há como fugir e pronto. se o parafusa tem melhores músicos do que os barbudos eu não sei, até porque depende dos parâmetros usados. eu diria que o parafusa é uma espécie de los hermanos virtuose... iiiihhhh... que definição cú do caralho... eu juro que não queria dizer isso meninos do parafusa. eu gosto muito do som de vocês, tá? uma das coisas que mais gostei na banda foi a definição usada por eles para classificar seu som num desses sites de novos artistas... Rock Família. digaê... que coisa mais iconoclasta, hehehe.

 
DEPRESSÃO/PROGRESSÃO

Momento "revival das angústias adolescentes"... acho radiohead negócio de ultraromantismo e tal, quer dizer, ultraromantismo moderno saca ? ou seja, a angústia existencial processada pelo cinismo e alienação-no-future-dark-pós-punk... se roger waters tivesse frequentado mais o mundo nos anos oitenta/noventa provavelmente sua música seria mais semelhante ainda a de thom yorke. radiohead é deprê demais pra ser prog. a verdade é essa. uma "depressão" é o oposto de uma "progressão". mas, como o mesmo yorke diz que não quer alimentar o bode alheio, então é algo que fica ao cargo do ouvinte: "aí, freguês, vai com deprê ou sem deprê ?" você pode perceber se quiser o radiohead como uma banda de rock progressivo, a escolha é sua.

Agora, mudando de assunto dentro do mesmo assunto: Pearly é uma música do caralho. Puta que pariu, não sei que espécie de sentido melancólico aflora ao escutá-la...

Na verdade, nesta altura de minha vida confesso que estou mais pra ouvir jazz ou sei lá... algo meio avesso àquilo que emoldurou e muito minhas crises "adolescentes"... tá bom, vai, que papo de velho do caralho... - até parece que tu entrasse definitivamente pro "mundo dos adultos". porra, sinto que nunca passarei por tal porta. sinto que sempre serei aquele adolescente inadaptado... o que muda são apenas as formas de inadaptação. hoje em dia, por exemplo, eu não entrego-me à angústia com tanto tesão como já fiz. prefiro sentimentos menos destrutivos. enfim, acho que isso é algo que surge com a tarefa de pai mesmo, com as responsabilidades que obrigatoriamente sou levado a assumir... apesar de não as exercer com tanta perspicácia, eu as exerço.

 
pergunta: por que os barulhinhos de quando se está conectando com internet discada são tão padrão, sempre seguem uma mesma ordem ? afinal, o processo de conectar-se a alguma coisa dá a idéia de algo não-padrão, indeterminado... não acham ?

quarta-feira, março 10, 2004

 
BOOKER PITTMAN

Esse é o nome do responsável pela dublagem de King Louie, o rei dos macacos (e do iê iê iê) do filme Mogli, o Menino Lobo. Esperei os créditos do final pra saber quem era, descobrindo por tabela que o coro de vozes dos abutres é interpretado por ninguém mais ninguém menos que o MPB-4. Booker Pittman realmente é nome de jazzista, isso não há como negar, só que fiquei encucado com o fato de seu nome estar relacionado juntamente com os nomes dos dubladores - todos eles nomes tipicamente brasileiros. Minha primeira suposição foi de não terem colocado dublagem na parte que King Louie canta, só que ele canta frases em português... com sotaque gringo forte, mas em português. Daí, pesquisando agora a pouco na internet, descobri algumas informações curiosas a respeito desse obscuro (pelo menos pra mim) jazzista. Apelidado de Buca, o cara era um grande saxofonista de jazz norte-americano que casou com Ofélia, brasileira com quem teve uma filha chamada Eliana Pittman (que segue cantando e gravando até hoje). Residiu, me parece até sua morte (em 1969) aqui no país, chegando a gravar disco com Dick Farney e tocar com gente como Pinxinguinha - isso sem falar de grandes nomes mundialmente famosos como Ben Webster, Leroy Hardy, Edgar Battle, Clarence Smith, Alton Moore, Joe Keyes, Andy Jackson, Blanche Calloway e por aí vai.
Bem, concluindo sobre a dublagem: acho que, caso não houvesse tal conexão com o Brasil, raramente algum dublador norte-americano faria mais de uma versão de uma música, pensando em atender a demanda de outros idiomas... nesse caso, de repente vai ver que até mesmo na versão ianque de Mogli consta aquelas frases toscamente pronunciadas/cantadas em nosso idioma - nós, macacos tupiniquins. Mas nada disso tira o mérito da interpretação sublime de King Louie/Booker Pittman.

terça-feira, março 09, 2004

 
VÍCIO

algum dia tudo ao redor acorda hostil
e você fecha seus poros e tensiona seus músculos
passando a ter câimbras no sorriso

não se entregando mais aos perfumes
não se entregando mais ao pulsar de imagens ilusórias e paradisíacas

então suas orações pedem pro caminho ser desobstruído
pois ele torna-se uma jaula,
e seus passos a mera repetição de uma trajetória circular

você fica à espreita
mas isso não lhe exime de ser vítima
- sua conformidade é sono que faz esquecer do inimigo
de quem você cai nos braços
ao padecer desse grande mal

 
Esse poema de Alberto (que me lembra muito meus dias de estudante do curso de filosofia da UNICAP) é um de meus prediletos dele do "Carne de Terceira". A pegada meio "punk", desencantada, antilírica é marca de muitos versos memoráveis desse senhor que é uma espécie de descendente da velha (e ótima) linhagem drummonesca...

Cinco Dias de Zumbi
(Alberto da Cunha Melo)

Atravessa a semana feito um zumbi
arrastando-se sem sangue até o sábado salvador
quando abre uma garrafa
e escreve umas cartas sem "prezado senhor"

Compra tomates e livros novos
que possam ajudar na aparência erudita
própria de um zumbi universitário
que às vezes até em si mesmo acredita

(peço desculpas por eventuais erros no texto, já que a expressão "saber de cor" não se aplica muito a minha pessoa)

 
creme dental

é engraçado como existiu um acontecimento que demarcou meu "histórico de escovação de dentes" em duas fases. tudo se resume ao antes e depois de quando eu comecei a escovar os dentes com movimentos imprecisos, ciculares ao invés da mera verticalidade (pra lá e pra cá)... escová-los sempre da base para as extremidades foi uma mudança radical na forma de conduzir a escova. interessante é como eu só fui descobrir que a forma que eu escovava era errada depois de muito tempo mesmo. e foda é que eu acho que não foi incompetência de meus pais... acontece que tem coisa que simplesmente a gente acha que é óbvio pro outro mas não é, e muitas vezes isso resulta em uma uma cárie, um buraco de compreensão ...

 
AS AVENTURAS DO BONECO "PIXELADO PERO CON PERSONALIDAD" KIRBY

descobri esse joguinho de kirby apenas muito depois de já terem nascido os parcos pêlos de minha parca barba, ou seja, por esses dias. não era um jogo popular pelas minhas redondezas quando pirralho fanático por games - vai ver que já foi dos últimos de nintendo 8 bits a ser posto no mercado. hoje, através da grande ferramenta para "revivals" em massa que é o emulador, é possível baixar em questão de segundos aqueles joguinhos pelos quais que você gastava toda sua mesada apenas pra alugar um cartucho por um final de semana - e secá-lo "até zerar"... bem, o fato é que, apesar do jogo apresentar muitas sacadas originais (a de adquirir a personalidade de vítimas "devoradas" é uma delas), um cenário e acontecimentos muito chapantes, o controle de kirby não é tão expressivo quanto o de certos bonecos de outros jogos (leia-se, por exemplo, os de mario ou os daquele ninja de ninja gaiden). os movimentos dessa bolinha rosada são meio conflituosos, de forma que controlar seu vôo juntamente com o "soltar do ar", juntamente com cuspir o inimigo deglutido, juntando-se tudo isso à "incorporação" de características de certos inimigos resulta em comandos quase sempre imprecisos. mas tudo bem, já que esse tom de imprevisibilidade das ações dos personagens pode ser benéfico diante da mesmice dos jogos. apesar desse pequeno entrave, kirby acaba sendo fácil de jogar, dada a possibilidade de salvar os jogos e de haver continues infinitos (acho eu). essa foto que "tirei" e colei no paint é do Level 2, a "Ilha de Sorvete" (algo bem ao gosto de um Syd Barret).... kirby não chega a ser um sonic mas tem deste aquela certa agilidade na sequência dos acontecimentos - uma bela herança. Ah, esse poder que eu tinha pegado é o do furacão... legalzinho, mas eu gostei mais do que congela a galera...

segunda-feira, março 08, 2004

 
Sobre Mogli, o Menino Lobo

Nesses últimos dias tenho forçadamente assistido à esse filme de forma exaustiva, já que tenho ficado com minha filha luna (o principal motivo disso é que ela tava dodói, sem poder ir ao colégio) que demonstra a constante vontade de ver tal fita. É interessante a perspectiva da repetição quanto a algum conteúdo cultural: se antes eu já achava o filme legalzinho pra pirralho (e por que não pra adultos também ?), agora eu multipliquei minhas visões a respeito de seu conteúdo. Pela carga de significados que ele no momento adquire pra mim, ele acaba me falando muito mais do que certos filmes ditos "conceituados". Mogli é um filme bom de se ver, assim como a maioria dos filmes da Disney. É claro que os personagens têm uma personalidade "plástica" demais, fugir disso seria exigir muito dos diretores de Hollywood. Mas, mesmo assim, as animações, o roteiro, a trilha sonora e até mesmo as dublagens são excepcionais. Momentos memoráveis: quando Mogli é sequestrado pelos macacos que o levam para uma espécie de templo inca abandonado e presencia o número musical do chefe dos macacos, que tem um suíngue muito escroto em seu discurso cantado com o intuito de convencer o Menino Lobo a revelar-lhe o segredo do "fogo dos humanos"... a amistosidade do urso canastrão Balu é comovedoramente singular. uma espécie de virtude que encontra-se na "falha de caráter", certamente algo meio "macunaíma"... agora, sinceramente... não gosto do final - Mogli vai para um "aldeia de homens", coisa que reluta durante todo o filme. Tudo isso porque vê uma "humana" entoando uma canção melosa de "constituir família". Não gosto disso, não sei exatamente por que mas não gosto. Pra mim soa muito como uma "condenação"... o homem e a necessidade de afabilidade social. Sheerikan, o Tigre, acaba sendo uma espécie de lado selvagem do qual Mogli tem de fugir - que poderia ser ele mesmo, psiquicamente falando provavelmente sua pulsão de morte. A merda é que tal pulsão é como se não existisse na tal "civilização", quando nós bem sabemos da verdade.



 
caralho... ufa ! mexer no template cansa tanto quanto mudar a arrumação da casa. isso que eu fiz tá longe de ser o ideal mas passa. vai ficar assim mesmo até eu ter coragem novamente pra mexer...

 
NIILISTA O QUÊ, NIETZSCHE ERA UM CRENTE

por quê crer em mim mesmo é algo tão difícil ? realmente acho que há uma espécie de autopunição a qual me imponho que simplesmente me impede de fazer qualquer coisa que seja pra me realizar... não estou exagerando quando digo que o que me falta é devoção (aquela que é a equivalente da certeza metafísica "fisiológica"). porque a devoção é justamente o remédio pra isso, ou pelo menos eu presumo que seja. acreditar em algo a ponto de renunciar a ter uma atitude "crítica, negadora" perante a ela é uma atitude afirmativa da vida, já presumia nietzsche - que não foi menos atormentado por ter um pensamento desse calibre, diferentemente de alberto caieiro.

domingo, março 07, 2004

 
acho que vou tomar a mesma atitude de alfredo e wine quanto a tirar os comments. acho que eu escrevia melhor quando o sistema não existia. foda é que eu tenho uma preguiça enorme pra mexer no template. mas, vamos lá... deixa eu abrir as cortinas do meu blog e mexer em sua engrenagem... entrando nos bastidores.

sábado, março 06, 2004

 
ARREPENDIMENTO E DEVOÇÃO

me arrependo de ter me desfeito desse disco dos meat puppets. tava até querendo me lembrar das músicas pelos títulos, mas só consegui com algumas (pra baixá-lo tenho que furar uma lista infindável de espera). mesmo sem lembrar de muita coisa, um disco não é somente suas músicas separadamente, ele é um bloco homogêneo de sentimentos ao qual se juntam elementos materiais como o cheiro e a textura do papel, o tratamento gráfico, enfim... os puristas/nacionalistas gostam de dizer que coisas cantadas em outros idiomas nada ou pouco dizem a respeito de nossa realidade. besteira. discos são espelhos. em qualquer idioma. eles simplesmente refletem uma época vivida quando apertamos o play - e isso não depende necessariamente de entender as palavras que saem de uma boca. hoje em dia, já que não posso me dar o luxo de comprar cd original, esse aspecto fica um pouco de lado - o cd assume o lugar daquelas tuas fitas k7 de antigamente. bem, não é o mesmo encanto do cd original, mas também não deixa de haver algum: melhor do que não ter como ouvir. mas não sei... acho que essa "desmaterialização da obra de arte" - a do mp3, mais especificamente - me dá certa angústia pois a materialidade te dá um certo "pé-no-chão". aquele esquema de ir na sete de setembro e fuçar de loja em loja atrás de tal cd... de encher o saco do miranda pechinchando... depois todo o cuidado com aquele volume tão frágil... ficar puto com "caralho, um encarte tão grosso desses e não colocam as letras"... tanto dinheiro empregado faz-te exigir do conteúdo tudo aquilo que ele pode te dar, mas sempre ficando aquela sensação de que nunca acharás aquilo que realmente procuras. às vezes todo o trabalho é compensado com momentos de entrega quase total, sem simplesmente aquele lance de satisfação do freguês. aquela súbita empolgação que te dá pra saíres dizendo pra deus e o mundo que descobriste a oitava maravilha do mundo pop. de como teus amigos ouvirão aquilo com desdém, pois eles não tem nenhum vínculo duradouro com aquele disquinho. podem simplesmente achá-lo ruim e pronto, nunca mais querer olhar praquela cara redonda ... eles não lutarão contra qualquer "falsa aparência" que os fará querer seu dinheiro de volta já na primeira audição.

devoção - taí algo que acho que já não tenho. e sem isso "we don't exist"...

terça-feira, março 02, 2004

 
Achei um novo hino. Tava escutando umas fitas antigas até que encontrei essa pérola juntamente com o hit "16 Toneladas" gravada de um Sopa da Cidade (aquele programa de Rogê - por sinal, vcs sabem se acabou mesmo ?). E, falando no assunto, quem entrou em tilt nesse fim de semana foi o meu organismo (juntamente com o de todo mundo lá de casa) - a tal da virose de carnaval (não sei nem se deram algum nome específico pra ela tipo "tiazinha" ou "dalvanira", sei lá...) hal também voltou a hibernar... realmente:

SÓ O ÔME
(Noriel Vilela)



A mô fio do jeito que sucê tá
só o ôme é que pode te ajudá
A mô fio do jeito que sucê tá
só o ôme é que pode te ajudá

Sucê compra uma garrafa de marafo
Marafo seu pai vai dizê o nome
Meia noite sucê na encruziada
Destampa a garrafa e chama o ôme

O galo vai cantá sucê escuta
Arrêi tudo no chão que tá na hora
E se o guarda noturno vim chegando
Sucê olha pá ele que ele vai andando

A mô fio do jeito que sucê tá
só o ôme é que pode te ajudá
A mô fio do jeito que sucê tá
só o ôme é que pode te ajudá

Fez candonga di cumpanhero seu
ele botô feitico em sucê
Agora só ôme a meia noite
é que seu caso pode resorvê

A mô fio do jeito que sucê tá
só o ôme é que pode te ajudá
A mô fio do jeito que sucê tá
só o ôme é que pode te ajudá

P.S.: reparem no charme da figura. parece mais um tricky "da malandrage".

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