Pé-de-Cachimbo

iê-iê-iês from the crypt

quarta-feira, março 31, 2004

 
Impressões quanto a um certo "Joãozinho Arcoverde".

Space Jazz: esse termo saltou-me da mente ao escutar Body Songs, trabalho solo do cabeça-de-rádio Jonny Grenwood. Não sei se já o cunharam. Muito provavelmente sim. Greenwood, para os íntimos Joãozinho Arcoverde, dono de um comportamento ambíguo - se ele dá a bunda ou não isso não é problema meu, falo apenas de sua postura, a que vi no palco ou raramente fora dele, de suas presenças física e musical. Não sei se sua liberdade musical o conduziu a isto ou o contrário. Mas percebe-se que um depende um pouco do outro. Volto a insistir que falo de ambiguidade, não necessariamente a sexual.

Afinal, chamemos o software do "Painho Michaelis" que ocupa alguns clusters deste humilde lar virtual para dar seu parecer sobre o caso:
am.bí.guo
adj. 1. Que pode ter diferentes significados; equívoco. 2. Incerto, inseguro, duvidoso, indeciso. 3. Bot. Diz-se dos órgãos que não têm forma ou disposição bem definida.


Poisé, o Joãozinho tem dessas coisas. Seria fácil de simplesmente o rotular de baitola, moldando qualquer de suas ações, com preconceitos a respeito da homossexualidade - que, venhamos e convenhamos, nós, homens medianos, temos de montão. Mas é justamente esse mecanismo da ambiguidade que nos faz ter de dar o braço a torcer à genialidade desse cara. O cara consegue fazer rock parecer jazz, ou o jazz parecer rock, sei lá... ele, partícula subatômica de comportamento indefinido, delizando no palco às vezes parecendo um mero manipulador/operário de máquinas, em outras parecendo uma madame perua dando pitís sonoros.

Sei que existem inúmeros projetos que unem a música eletrônica ao jazz, que isso já não é mais novidade. Mas acho que esse disco tem uma benesse específica quanto a isto: ele traz para o jazz uma produção electro-rock. O título do disco é muito bonito e representativo. Isso equivale dizer que você que achou o disco "cabeça demais até mais do que os do próprio cabeça-de-rádio" erra ao fazer tal afirmação. Assim como o pessoal do Shallabi Efect, Jonny Grenwood faz música pra ser "recebida", pra ser sentida nas entranhas, pra ser vivenciada antes de qualquer coisa com o corpo.

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