DATURA ARBOREA* ET CIRCENSIS
Sábado passado liguei a TV e tava passando um documentário na Cultura/Universitária sobre algumas plantas psicoativas comuns de nossa região - como a
Trombeta e a Zabumba - que era focado tanto em depoimentos de "populares" quanto no de pessoas "estudiosas" do assunto. Tudo caminhava mais ou menos pro rumo comum do gênero, com descrições das propriedades das plantas, alguns causos populares próximos do bizarro relacionados à ingestão das mesmas, etc e tal ... até que algumas pessoas que estavam dentro do mato resolvem fazer um chá (acho que da Zabumba) e embarcar numa viagem "psiconáutica" (usaram esse termo mesmo). Daí foi o documentário acabar e entrarem os créditos dos (ir)responsáveis: "
Telephone Colorido".
É interessante como esses caras ganharam espaço nos "centros culturais da vida" aqui no Recife (e
não só por aqui) com o caráter anárquico e totalmente lisérgico (na maioria das vezes totalmente non sense) de sua filmografia e de suas intervenções. Eles parecem ter conseguido firmar-se como uma conceituada produtora (qui nada, a galera deve penar pra caralho ainda, afinal de contas, tudo o que corre solto no sul, no nordeste ainda engatinha - em termos de auto-sustentação de mercado, claro...), como dá pra ver nessa fita que distancia-se da tosqueira dos primeiros trabalhos. Ainda bem que não tornaram-se caretas... ainda.
Já vi uma tuia de vídeos desse coletivo (inclusive o célebre "O Resgate Cultural") e posso dizer que tem coisa que é lixo. Vá lá que lixo tem graça pra muita gente... e realmente tem alguns lixos deles que pelo menos são interessantes... mas tem outros que não dá pra aturar... a "lombra" morga geral e o lance parte pruns experimentalismos muito "vejam como somos doidões" demais... tudo fica como se a galera de um Jackass da vida tomasse ácido pra fazer o programa e ficasse bola total.
Mas, enfim, acho que os caras possuem muito mais méritos (quer mérito maior do que colocar Quéops Negão pra "interpretar" Ariano Suassuna ?) do que cagadas.

E eu sinceramente não sei se, com relação às bandas ligadas ao coletivo tais como Pajé Limpeza, Gnomos da Metrópole e, mais recentemente,
Conceição Tchubas, rola algum "Juramento de Fidelidade ao Underground"... porque, vá lá que o som em questão é totalmente despirocado, mas é como se elas fizessem parte de alguma seita iniciática, hermética, tais são suas poucas incursões nos mass media ou até mesmo tratando-se de aparições públicas (já até falei pra Cauê Tchubas que eles têm que sair um pouco das Olinda). Fica aquela coisa de tocar em galerias de arte ou ateliês ou eventos com algum fundo cultural... tudo bem que provavelmente a galera simplesmente não fica formulando uma estratégiazinha de marketing pra atingir uma popularização maior ... mas o que eu digo é que seria divertido, por exemplo, ver uma aparição do Gnomos no programa do Pedro Paulo (ih, acho que esse acabou...) ou Samir Abouana... sei lá... ou que pelo menos essas bandas apareçam e divulguem mais seus "happenings" ...
* nome científico da Trombeta